Uma grande parte dos produtores de soja já ouviram algo sobre nematoides e que esses microrganismos causam redução da produção de grãos.
Os nematoides de ocorrência no Brasil de forma mais comum são: o Heterodera glycines (nematoide do cisto); Meloidogyne incógnita (nematoide da galha – mais predominantes em áreas de café e algodão); e o Meloidogyne javanica (nematoide da galha) que são os mais conhecidos do gênero Meloidogyne. O Pratylenchus brachyurus (nematoides das lesões radiculares) e Rotylenchulus reniformis (nematoide de raiz) também são citados como de importância para a cultura da soja.
Estes parasitas podem ser dispersos de várias maneiras, a exemplo de maquinas/implementos, propágulos de plantas, sacarias, sapatos, enxurradas e pelo vento são os meios mais comuns. Apesar de terem tamanhos microscópicos a diminuição da produção é macroscópica, se não forem bem manejados. As diminuições da produção em lavouras de soja podem variar muito e existem várias citações na literatura. Essa variação, pode estar ligada ao tempo que se leva para se detectar o problema com os nematoides e com isso o agravamento da situação, com um nível mais elevado de infestação, conforme explicado no vídeo abaixo, a respeito do perigo dos nematoides e a importância do NDE para a SAFRA de SOJA 2019/2020.
Apesar do alarme sobre o problema, muitos ainda têm dúvida sobre o quanto investir para resolver o problema de infestação em suas lavouras e qual método utilizar. A dúvida persiste porque para a aplicação do manejo integrado desse parasita, há várias táticas de controle disponíveis. Não é possível falar de MIP sem falar de um conjunto para implementação de uma estratégia de controle, que possua o tripé da sustentabilidade.
Em se tratando de métodos que podem controlar nematoides, é possível citar algumas táticas:
a) escolha de cultivar resistente;
b) fazer melhoria das qualidades físico-químicas do solo;
c) rotação de culturas com plantas antagonistas, vale lembrar que isso é diferente de sucessão de cultura;
d) plantio direto na palha;
e) eliminação de vegetação susceptível;
f) limpeza de implementos e uso planejado do maquinário de acordo com o nível de infestação de cada talhão;
g) pousio/mudar a opção da cultura explorada; e
h) uso de nematicidas biológicos ou não.
O problema com nematoides não se resolverá em uma única safra pois estes vermes adotam estratégia de sobrevivência diferentes o que garante a sua permanência nas lavouras. Alguns nematoides conseguem viver em restos culturais ou em plantas espontâneas, outros deixam os seus ovos em diapausa, e alguns podem entrar em estado de anidrobiose.
A decisão do que usar ou como usar é seguida da diagnose correta do problema com a identificação da espécie de nematoide presente na lavoura, podendo ocorrer mais de uma. Assim, de um modo geral ainda persiste a dúvida do quanto investir para resolver o problema com nematoides na lavoura. O investimento mínimo necessário para resolver o problema com nematoides na lavoura, deveria ser igual à redução esperada na produção. Ou seja, se o produtor já espera uma diminuição da produtividade na ordem de 10%, e considerando uma média de 60 sc/ha, com um preço médio de R$75,00 esse investimento deveria ser de ao menos R$450,00/ha.
Por: Carlos Lima
Mestre e Doutor em Produção Vegetal